A Cruzada contra os dados
É de fácil acesso a caricatura das humanidades como coisa de "maconheiro em DCE", falar de impostos, dizer que o dinheiro vai para outras áreas. Mas o verdadeiro propósito desse governo é desmontar todos os meios institucionais de se apreender e medir os impactos de suas políticas, vide os cortes no Censo.
A cruzada dos rastejantes não é contra "o maconheiro comunista", é contra qualquer pessoa ou instituição que tenha capacidade técnica de apontar o tipo de destruição moral e institucional que eles planejam. Miram caricaturas da esquerda mas acertam em liberais capacitados a contradizer suas mentiras, como a Ilona Szabó.
O embate de Viktor Orbán com a Universidade da Europa Central é um exemplo vivo disso. Uma instituição que é bastião do liberalismo expulsa de um país porque sua ciência não é governista o suficiente. No Brasil, os liberais de encomenda vão tentar racionalizar as declarações de Weintraub com as falácias costumeiras (e idiotizadas) sobre o trabalhador braçal que paga imposto que sustenta o curso de humanas. Não se empolguem, vocês serão os próximos.
A luta do governo é contra toda e qualquer transparência nos dados. Do decreto de sigilo nos estudos sobre a reforma da previdência às maracutaias do condenado Ricardo Salles para censurar dados sobre desmatamento. Quem são os alvos preferenciais da ira dos governistas e seu rebanho? Jornalistas, agências de checagem de fato, institutos de pesquisa de opinião. Combate às humanidades é só mais uma etapa dessa guerra.
A educação do Brasil está nas mãos de grandes gênios que acham que os comunistas aparelharam departamentos de Administração de Empresas e Ciências Atuariais, que comunistas são donos de grandes empresas, que ocupam o topo das organizações financeiras.
Quem não acredita é doutrinado.